terça-feira, 31 de março de 2020

ARCADISMO


01. Leia os versos de "Luar do Sertão":

[...] Oh! Que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão
Esse luar cá de cidade tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão!

Os versos acima ilustram características do Arcadismo:
a) exaltação à natureza da terra natal.
b) declarada contenção dos sentimentos.
c) expressão de sentimentos universais.
d) volta ao passado para escapar das agruras do presente.
e) oposição entre o campo e a cidade.

02. Leia os versos transcritos a seguir:

                   Texto I
Alguém há de cuidar que é frase inchada,
Daquela que lá se usa entre essa gente
Que julga que diz muito e não diz nada.
                                            (Cláudio Manuel da Costa)

                   Texto II
Irás a divertir-te na floresta,
Sustentada, Marília, no meu braço;
Aqui descansarei a quente sesta;
Dormindo um leve sono em teu regaço.
                                            (Tomás Antonio Gonzaga)

Os dois textos servem de exemplo para lemas difundidos pelas arcádias. São, respectivamente:
a) fugere urbem e locus amoenus.
b) inutilia truncat e locus amoenus.
c) carpe diem e fugere urbem.
d) locus amoenus e inutilia truncat.
e) inutilia truncat e carpe diem.

03. (U. F. Ouro Preto-MG) Com relação a "Marília de Dirceu", de Tomás Antonio Gonzaga, assinale a alternativa incorreta:
a) As liras que compõem o livro são quase sempre poemas de lirismo amoroso que invocam a pastora Marília, amada do pastor Dirceu.
b) Apesar de invocarem com grande frequência o tema do amor, as liras não apresentam a atmosfera experimentada dos conflitos de paixão, antes exaltam a serenidade e a naturalidade na relação amorosa.
c) Muitas das liras são dedicadas à tarefa de demonstrar à bem-amada a ordem a harmonia das coisas naturais.
d) Tendo sido Gonzaga um inconfidente, escreveu esse livro para descrever a situação geral da Colônia, oprimida pela exploração ferrenha da metrópole portuguesa.
e) Algumas liras são destinadas a afirmar a dignidade e a valia do pastor Dirceu. Grande parte delas foi escrita no período em que Gonzaga esteve preso e, assim, revela-se, sob o disfarce do pastor, a presença dos dramas pessoais do autor, caído em desgraça, no momento da produção dos poemas.

04. Considere as afirmativas abaixo referentes ao Arcadismo brasileiro e coloque V ou F:

(     ) Os poetas enfatizam a subjetividade, pois estavam convencidos de que deviam expressar em seus textos sentimentos intensos, passionais e impulsivos.
(      ) A vinculação ao mundo natural se dá através de uma poesia de caráter pastoril.
(    ) A valorização da paz campestre e da harmonia natural se contrapunha também à instabilidade do cenário político e social do período: os anos 1.700 foram marcados por diversas crises.
(    ) Defende-se a imitação da simplicidade dos autores clássicos, que produziram suas obras na Antiguidade greco-romana e no Barroco.
(      ) A natureza adquire um sentido de simplicidade, verdade e harmonia, impondo-se como modelo para a realização do ser humano.

A alternativa que apresenta a sequência correta é:
a) F, F, F, V, V.
b) V, V, V, F, F.
c) F, V, V, F, V.
d) F, V, F, V, F.
e) F, F, V, V, F.

05. (Enem) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.

1    Torno a ver-vos, ó montes; o destino
      Aqui me torna a pôr nestes outeiros,
      Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
4    Pelo traje da Corte, rico e fino.

      Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
      Os meus fiéis, meus doces companheiros,
7     Vendo correr os míseros vaqueiros
      Atrás de seu cansado desatino.

      Se o bem desta choupana pode tanto,
10   Que chega a ter mais preço, e mais valia
      Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto,

      Aqui descanse a louca fantasia,
13   E o que até agora se tornava em pranto
      Se converta em afetos de alegria.
                                            Claudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho, A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.

a) Os "montes" e "outeiros", mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje "rico e fino".
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.
d) A relação de vantagem da "choupana" sobre a "cidade", na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.

06. (UPE) Sobre as Cartas Chilenas e o contexto histórico-literário em que se inserem, analise as proposições a seguir.

I. As Cartas Chilenas constituem o primeiro caso brasileiro de produção de poemas satíricos, ou seja, poemas destinados à sátira de situações sociais e políticas.
II. Valendo-se de nomes fictícios, as cartas fazem referências à administração de Luís da Cunha de Meneses, governador da capitania de Minas Gerais, de 1783 a 1788.
III. O poeta se utilizou de uma série de convenções retóricas que faziam parte dos princípios literários do Arcadismo.
IV. Nas cartas, a descrição da natureza constitui um prenúncio do Romantismo brasileiro, uma vez que a alma do poeta divaga nas imagens descritas.
V. Visto que as cartas foram distribuídas anonimamente, não se sabe, hoje, ao certo quem as escreveu; o que há são suposições infundadas.

Estão corretas apenas:
a) I, II e III.
b) I, IV e V.
c) II, III e V.
d) III e IV.
e) I, II, III e V.


GABARITO

01. E

02. C

03. D

04. C

05. B

06. A

BARROCO


01. (UEL/PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da Reforma entram em confronto com a Contrarreforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam esse conflito é:

a) Um paiá de Monal, bonzo bramá
    Primaz da Cafraria do Pegu,
    Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,
    Quer ser filho do sol, nascendo cá.
    (Gregório de Matos)

b) Temerária, soberba, confiada,
     Por altiva, por densa, por lustrosa,
     A exaltação, a névoa, a mariposa,
     Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.
     (Botelho de Oliveira)

c) Fábio, que pouco entendes de finezas!
    Quem faz só o que pode a pouco obriga:
    Quem contra os impossíveis se afadiga,
    A esse cede amor em mil ternezas.
    (Gregório de Matos)

d) Luzes qual sol entre astros brilhadores,
    Se bem rei mais propício, e mais amado;
    Que ele estrelas desterra em régio estado,
    Em régio estado não desterras flores.
    (Botelho de Oliveira)

e) Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
    Da vossa alta clemência me despido;
    Porque quanto mais tenho delinquido,
    Vos tenho a perdoar mais empenhado.
    (Gregório de Matos)

02. Leia os textos a seguir para responder a questão.

I. Pobre terra da Bruzundanga! Velha, na sua maior parte, como o planeta, toda a sua missão tem sido criar a vida, e a fecundidade para os outros, pois nunca os que nela nasceram, os que nela viveram, os que a amaram e sugaram-lhe o leite, tiveram sossego sobre o seu solo!
(Lima Barreto. AS BRUZUNDANGAS)
II. Senhora Dona Bahia,
    nobre e opulenta cidade,
    madrasta doa Naturais,
    e dos Estrangeiros madre.
    Dizei-me por vida vossa,
    Em que fundais o ditame
    De exaltar os que aí vêm,
    E abater os que ali nascem?
                              (Gregório de Matos. POESIAS SELECIONADAS)

Analise as afirmações:
I. Lima Barreto e Gregório de Matos estão distantes, cronologicamente, na literatura brasileira. Mas os autores podem ser aproximados pelo teor lírico que imprimiram às suas obras.
II. Os dois textos falam da dificuldade que os brasileiros têm de viver em sua terra, enquanto os estrangeiros aqui enriquecem com facilidade.
III. Podemos identificar as figuras de linguagem: aliteração, no texto I, e antítese, no texto II.

Está(ão) correta(s):
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) I e II.
e) II e III.

03. Leia este soneto: Achando-se um braço perdido do menino Deus de N. S das maravilhas, que desacataram infiéis na sé da Bahia.

                Soneto
O todo em parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.

Em todo o sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço que lhe acharam, sendo parte,
Nos diz as partes todas deste todo.
                              (Gregório de Matos. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1976.)

Analise as afirmações sobre esse poema:
I. O soneto valoriza cada parte do corpo inteiro de Cristo.
II. O poeta considera sagrado apenas o corpo inteiro e não as partes.
III. O texto é satírico e humaniza a figura divina de Cristo.

Assinale a alternativa correta a respeito das afirmações:
a) Apenas I está correta.
b) Apenas II está correta.
c) Todas estão corretas.
d) Apenas III está correta.
e) Apenas I e II estão corretas.

04. Leia as estrofes:

I. "Nariz de embono
    com tal sacada
    que entra na escada
    duas horas primeiro
    que seu dono"
                       (Gregório de Matos)

II. "Terra que não aparece
     Neste mapa universal
     Com outra; ou são ruins todas,
     Ou ela somente é má".
                       (Gregório de Matos)

Essas estrofes pertencem a que tipo de poesia de Gregório de Matos?
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GABARITO

01. E

02. E

03. A

04. Poesias satíricas

QUINHENTISMO


Texto para a questão 01:

Senhor:
1. Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba fazer pior que todos.
2. Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.
3. De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
4. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Doiro-e-Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
5. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
6. Porém o melhor fruito que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
7. A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.
8. Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença.
9. Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e fruitos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.
10. E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, pois o desejo que tinha de tudo vos dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
11. Beijo as mãos de Vossa Alteza.
12. Deste Porto Seguro, da vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
CORTESÃO, Jaime. "A carta de Pero Vaz de Caminha", Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1943, p. 1999-241. Coleção Clássicos e Contemporâneos.

01. Evidenciando a leitura compreensiva do texto, julgue os itens a seguir, colocando V ou F:

(     ) Diferentemente de outros documentos do século XVI acerca da descoberta do Brasil, hoje esquecidos, a Carta de Pero Vaz de Caminha continua a ser lida devido à sua importância histórica e também por ter elementos da função poética da linguagem.
(      ) A carta de Pero Vaz de Caminha é considerada pela história brasileira o primeiro documento publicitário oficial do País.
(      ) A carta de Caminha é um texto essencialmente descritivo.
(      ) Pero Vaz de Caminha foi o único português a enviar notícias da descoberta do Brasil ao rei de Portugal.
(      ) Segundo Caminha, os habitantes da ilha de Vera Cruz eram desavergonhados.

A sequência correta é:
a) V, V, V, F, F.
b) V, F, V, F, F.
c) F, F, F, V, V.
d) V, V, F, F, V.
e) F, F, V, V, F.

02. Leia um fragmento de um texto publicado em 1556, em que o alemão Hans Staden descreve aspectos do Brasil para os leitores europeus.

Onde fica a terra da América ou Brasil, que vi em parte.
A América é uma terra vasta onde vivem muitas tribos de homens selvagens com diversas línguas diferentes. Também há muitos animais bizarros. Essa terra tem uma aparência amistosa, visto que as árvores fiam verdes por todo o ano, mas os tipos de madeira que lá existem não são comparáveis com os nossos. Todos os homens andam nus, pois naquela parte de terra situada entre nós, no dia de São Miguel. [...] Na terra em questão nascem e crescem, tanto nas árvores quanto na terra, frutos de que os homens e os animais se alimentam. Por causa do sol forte, os habitantes da terra têm uma cor marrom-avermelhada. Trata-se de um povo orgulhoso, muito astuto e sempre pronto a perseguir e devorar seus inimigos. A América estende-se por algumas centenas de milhas, tanto ao sul quanto ao norte. Já velejei 500 milhas ao longo da costa e estive em muitos lugares, numa parte daquela terra.
Hans Staden
Nesse texto:
I. Hans Staden chama a atenção para a dimensão das terras ("A América é uma terra vasta"). Fala sobre os nativos e seus comportamentos, os animais, a vegetação e o clima.
II. O uso de descrições tornou-se uma característica recorrente nos relatos de viagem do século XVI. Essa característica não está presente nesse texto.
III. A experiência pessoal, muito valorizada no século XVI, pode conferir veracidade ao que é relatado: quando afirma que viajou 500 milhas ao longo da costa sobre o novo mundo, por mais extraordinário que possa parecer para os europeus do século XVI.

Está(ão) correta(s):
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) I e II.
e) I e III.

03. Pero Vaz de Caminha, referindo-se aos indígenas, escreveu:

         "E naquilo sempre mais me convenço que são como aves ou animais montesinhos, aos quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo que aos mansos, porque os seus corpos são tão limpos, tão gordos e formosos, a não mais poder." [...]
        “Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e eles a nossa, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá Deus que com pouco trabalho seja assim.” […]
        “Eles não lavram nem criam. Não há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao convívio com o homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”

De acordo com o texto e seus conhecimentos, marque a alternativa correta:
a) Caminha, numa visão eurocentrista, exalta a cultura do "descobridor", menosprezando todos os aspectos, por exemplo, a não exploração daqueles mamíferos placentários exóticos, citados na carta, introduzidos no Brasil quando da colonização.
b) Caminha realiza, através de farta adjetivação, descrições botânicas minuciosas acerca da flora da nova terra, destacando o tipo de sais minerais - em contraposição à indígena, que é rica em lipídeos.
c) A religiosidade está presente ao longo do texto, quando se constata que o emissor, tendo em mente a conversão dos índios à "Santa fé católica" - pretensão dos europeus conquistadores - ressalta positivamente a existência de crenças animistas entre os nativos.
d) Na carta de Pero Vaz de Caminha, que apresenta linguagem formal, por ser o rei português o destinatário, há forte preocupação com aspectos da necessária conversão dos índios ao catolicismo, no contexto de crise religiosa na Europa.
e) Ao realizar concomitantemente a narração e a descrição dos hábitos dos nativos, o remetente destaca informações não só do habitat como dos usos e costumes indígenas, exaltando o cultivo das plantas de lavouras e dos pomares.


GABARITO

01. B

02. E

03. D

CLASSICISMO


01. Assinale as alternativas verdadeiras sobre "Os Lusíadas":
(     ) Apresenta 1102 estrofes, todas em oitava-rima, organizadas em dez cantos.
(     ) Na proposição, o poeta apresenta o que vai cantar, ou seja, os feitos heroicos dos ilustres barões de Portugal.
(     ) O herói dessa epopeia é o Gigante Adamastor.
(     ) Há, no poema, a interferência de deuses da mitologia nas ações humanas.
(     ) Apresenta 8816 versos decassílabos.
(     ) O episódio do velho Restelo é a mais bela passagem lírica do poema.

02. Leia os fragmentos abaixo.

CANTIGA
Vi chorar uns claros olhos
Quando deles me partia.
Oh! que mágoa! Oh! que alegria

VOLTAS
(...)
O bem que Amor me não deu,
No tempo que o desejei,
Quando dele me apartei,
Me confessou que era meu.
Agora que farei eu,
Se a fortuna me desvia
De lograr esta alegria?
(Camões - "lírica")

Mudando andei costume, terra e estado,
Por ver se mudava a sorte dura;
A vida pus nas mãos de um leve lenho.
Mas segundo o que o Céu me tem mostrado
Já sei que deste meu buscar ventura
Achado tenho já que não a tenho
(Camões - "lírica")

A partir da leitura dos dois fragmentos, assinale a afirmativa INACEITÁVEL:
a) Há diversidade formal e temática na lírica de Camões, devido à sua relação tanto com a tradição popular quanto com a cultura clássica.
b) Nos dois textos encontramos a ação do destino se opondo à felicidade do poeta.
c) A expressão "fortuna", do primeiro fragmento, é equivalente, no plano semântico, à expressão "ventura", do segundo.
d) A forma do primeiro fragmento expressa a relação entre a lírica de Camões e a tradição poética medieval peninsular.
e) O terceiro verso do segundo fragmento é uma metáfora clara da instabilidade da vida do poeta.

03. Assinale as alternativas incorretas:
a) (     ) Na poesia lírica, Camões só cultivou a medida velha (redondilha).
b) (     ) Na lírica filosófica, os poemas de Camões revelam um homem descontente com os rumos de seu tempo.
c) (     ) Não foi cultivado o soneto no Classicismo.
d) (     ) Quanto ao conteúdo, a poesia clássica apresenta idealização amorosa e o neoplatonismo.

04. Assinale tudo o que tiver relação com o Classicismo.
a) (     ) Teocentrismo.
b) (     ) Subjetivismo.
c) (     ) Antropocentrismo.
d) (     ) Mitologia pagã.
e) (     ) Feudalismo.
f) (     ) Vassalagem amorosa.
g) (     ) Objetivismo.
h) (     ) Medida nova (versos decassílabos).
i)  (     ) Idealismo.
j)  (     ) Mitologia cristã.


GABARITO

01. A sequência correta é: V - V - F - V - V - F

02. C

03. As alternativas A e C estão incorretas.

04. As alternativas C, D, H e I estão corretas.

TROVADORISMO


01. Leia atentamente o texto abaixo, considerando a sua temática e forma:

(Cantiga original)                                        (Tradução)
Ondas do mar de Vigo,                                Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?                                   acaso vistes meu amigo?
E ai Deus, se verrá cedo!                              Queira Deus que ele venha cedo!
Ondas do mar levado,                                  Ondas do mar agitado,
se vistes meu amado?                                   acaso vistes meu amado?
E ai Deus, se verrá cedo!                               Queira Deus que ele venha cedo!
Se vistes meu amigo,                                    Acaso vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?                                   aquele por quem suspiro?
E ai Deus, se verrá cedo!                               Queira Deus que ele venha cedo!
Se vistes meu amado,                                   Acaso vistes meu amado,
Por que ei gram coidado?                             Por quem tenho grande cuidado (preocupação)?
E ai Deus, se verrá cedo!                               Queira Deus que ele venha cedo!
                                  Martim Codax

Acerca do poema, é correto afirmar:
a) O uso de refrão e o paralelismo justificam a classificação como cantiga de amor.
b) A referência à natureza é meramente convencional, não expressando intimidade afetiva.
c) A expressão de sofrimento amoroso - "por quem tenho grande cuidado" - está de acordo com os padrões da cantiga de amor.
d) A enamorada, saudosa, dirige-se às ondas em busca de notícias do amigo que tarda.
e) Versos como "se vistes meu amado!" traduzem uma atitude de vassalagem amorosa.

02. Sobre a poesia trovadoresca, é incorreto afirmar que:
a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas.
b) representou um claro apelo popular à arte, que passou a ser representada por setores mais baixos da sociedade.
c) pode ser dividida em lírica e satírica.
d) em boa parte de sua realização, teve influência provençal.
e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trovadores, expressam o eu-lírico feminino.

03. Nas cantigas de amor,
a) o trovador expressa um amor à mulher amada, encarando-a como um objeto acessível a seus anseios.
b) o trovador velada ou abertamente ironiza personagens da época.
c) o "eu-lírico" é feminino, expressando a saudade da ausência do amado.
d) o poeta pratica a vassalagem amorosa, pois, em postura platônica, expressa seu amor à mulher amada.
e) existe a expressão de um sentimento feminino, apesar de serem escritas por homens.

04. Na música popular brasileira, muitas são as canções que dialogam com a tradição trovadoresca, recuperando perspectivas sobre o amor e os sujeitos envolvidos nas relações amorosas. A seguir, leia duas dessas canções e, depois, responda as questões referentes às mesmas.

I. Queixa
Um amor assim delicado                                                        Princesa, surpresa, você me arrasou
Você pega e despreza                                                            Serpente, nem sente que me envenenou
Não devia ter despertado                                                       Senhora, e agora me diga aonde vou
Ajoelha e não reza                                                                Senhora, serpente, princesa

Dessa coisa que mete medo                                                    Um amor assim delicado
Pela sua gradeza                                                                    Nenhum homem daria
Não sou o único culpado                                                        Talvez tenha sido pecado
Disso eu tenho a certeza                                                        Apostar na alegria

Princesa, surpresa, você me arrasou                                        Você pensa que eu tenho tudo
Serpente, nem sente que me envenenou                                  E vazio me deixa
Senhora, e agora me diga aonde vou                                        Mas Deus não quer que eu fique mudo
Senhora, serpente, princesa                                                     E eu te grito essa queixa

Um amor assim violento                                                          Princesa, surpresa, você me arrasou
Quando torna-se mágoa                                                          Serpente, nem sente que me envenenou
É o avesso de um sentimento                                                   Senhora, e agora me diga aonde vou
Oceano sem água                                                                    Senhora, serpente, princesa
                                                                                                                                              Caetano Veloso
Ondas, desejos de vingança
Nessa desnatureza
Batem forte sem esperança
Contra a tua dureza

II. Com açúcar, com afeto
Com açúcar, com afeto                                                           Quando a noite enfim lhe cansa
Fiz seu doce predileto                                                            Você vem feito criança
Pra você parar em casa                                                           Pra chorar o meu perdão
Qual o quê!                                                                            Qual o quê!

Com seu terno mais bonito                                                     Diz pra eu não ficar sentida
Você sai, não acredito                                                             Diz que vai mudar de vida
Quando diz que não se atrasa                                                  Pra agradar meu coração

Você diz que é um operário                                                    E ao lhe ver assim cansado
Sai em busca do salário                                                          Maltrapilho e maltratado
Pra poder me sustentar                                                          Ainda quis me aborrecer
Qual o quê!                                                                            Qual o quê!
                                                                                                                                              Chico Buarque
No caminho da oficina                                                        
Existe um bar em cada esquina                                            
Pra você comemorar                                                           
Sei lá o quê!

Sei que alguém vai sentar junto
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol

E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol

Vem a noite e mais um copo
Sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar

Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar

Analise estas informações:
I. No texto I, há presença do sofrimento amoroso e de uma postura de subsmissão/devoção em relação à mulher amada.
II. No texto II, tanto o autor quanto o eu-lírico são masculinos.
III. Esses textos podem ser relacionados às cantigas de amor (texto I) e às cantigas de amigo (texto II).

Está(ão) correta(s):
a) I e II
b) II e III
c) I e III
d) apenas I
e) apenas II

05. "Coube ao século XIX a descoberta surpreendente da nossa primeira época lírica. Em 1904, com a edição crítica e comentada do Cancioneiro da Ajuda, por Carolina Michaelis de Vasconcelos, tivemos a primeira grande visão de conjunto do valiosíssimo espólio descoberto." (Costa Pimpão)

a) Qual é essa "primeira época lírica" portuguesa?
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b) Que tipos de composições poéticas se cultivavam nessa época?
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06. Leia:

Cantiga da Ribeirinha

No mundo ninguém se assemelha a mim
enquanto a vida continuar como vai
porque morro por vós, e ai
minha senhora de pele alva e faces rosadas,
quereis que vos descreva (retrate)
quando vos eu vi sem manto (saia: roupa íntima)
Maldito dia! me levantei
que não vos vi feia (ou seja, a viu mais bela)

E, minha senhora, desde aquele dia, ai!
tudo me foi muito mal
e vós, filha de don Pai
Moniz, e bem vos parece
de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupa luxuosa)
pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor)
de vós nunca recebi
algo, mesmo que sem valor.
                                             Paio Soares de Taveirós

a) Como se classifica essa cantiga?
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b) Transcreva a expressão onde fica clara a presença de vassalagem amorosa.
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07. Leia a seguinte estrofe do poema "Se eu não tenho, ela me tem".

      "É tal a luz que dela vem
       Que até me aqueço nessa dor
       Sem outro sol que me conquiste,
       Mas no sol ou no fogo
       Não digo quem me inflama."
                                             Arnaut Daniel

Um trovador, denominação de quem compunha cantigas, não poderia nunca revelar o nome da dama a quem dedicava suas canções. Transcreva os versos da estrofe acima que mostram que isso foi cumprido.
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08. Identifique o tipo de cantiga a que se referem as características abaixo:

a) Autoria masculina/ sentimento feminino; ____________________________
b) Ambiente retratado: rural; ____________________________
c) A mulher é um ser mais real e concreto; ____________________________


GABARITO

01. D

02. B

03. D

04. C

05. a) Trovadorismo
      b) As cantigas

06. a) Cantiga de amor
      b) "Minha senhora"

07. "Mas no sol ou no fogo não digo quem me inflama"

08. a) Cantiga de amigo
      b) Cantiga de amigo
      c) Cantiga de amigo